Lesões no Yoga: isso não faz sentido

É com tristeza e perplexidade que escrevo este texto. Lesões em praticantes de Yoga têm se tornado uma realidade cada vez mais comum – e isso simplesmente não faz o menor sentido.

A prática do Yoga tem como objetivo primordial o autoconhecimento, o autocontrole, a auto-observação e o cultivo de uma presença consciente e compassiva no mundo. Como então podemos aceitar que algo que deveria nos levar à saúde, à harmonia e à integridade esteja, em muitos casos, nos afastando disso?

Sim, nós usamos o corpo na prática.
É através dele que acessamos sensações, percebemos limites e nos conectamos com o agora.
Mas o corpo é uma ponte, não o fim. As posturas (asanas) são apenas uma das oito partes do verdadeiro e tradicional caminho do Yoga e reduzir o Yoga ao corpo é trair sua essência.

Dados da Universidade de Sydney revelaram que as lesões relacionadas ao Yoga aumentaram significativamente nos últimos anos em diversos países, inclusive no Brasil. Um estudo publicado em 2017 realizado na região de Campinas (SP), revelou que 19,05% dos praticantes entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de lesão, sendo as regiões lombar e joelhos as mais afetadas. Outro estudo feito em Uberlândia (MG), identificou uma incidência de lesões de 4,46%, especialmente entre iniciantes. Ambos reforçam um alerta: a prática do Yoga exige preparo, cuidado e responsabilidade, principalmente de quem conduz a prática.

Como instrutora e praticante há muitos anos, eu me recuso a aceitar isso como algo normal. Yoga é, acima de tudo, uma filosofia de vida. A prática no tapetinho é apenas uma ferramenta. O verdadeiro Yoga acontece no dia a dia – quando respiramos com consciência, quando nos observamos com honestidade, quando escolhemos agir com mais presença e menos impulso.

O problema é profundo, e começa na formação de instrutores. Muitos cursos de formação hoje se concentram em sequências de posturas, estética corporal e até promessas de emagrecimento, mas dedicam pouquíssimo tempo ao estudo sério da anatomia e da fisiologia humana. Isso é gravíssimo. Um instrutor mal preparado pode, sem querer, conduzir seus alunos ao desequilíbrio físico, energético e até emocional.

Além disso, há uma romantização perigosa do “desafio” físico. Incentivar um aluno a realizar posturas avançadas, sem uma escuta atenta e sem preparo corporal, é uma irresponsabilidade. E o mais triste é que isso muitas vezes vem disfarçado de “superação”.

O Yoga não é isso.

Yoga é sensibilidade, é escuta, é verdade. É saber a hora de parar, a hora de ir mais fundo – e principalmente, a hora de não fazer.

Aqui n’Akasa dos Saberes, reafirmamos o compromisso com uma prática consciente, respeitosa e profundamente conectada com os princípios filosóficos que sustentam o Yoga. Não nos rendemos à cultura do espetáculo. Nosso foco é formar seres humanos melhores – não atletas de tapetinho.

Mais do que uma sequência de posturas, o Yoga é um caminho de escuta, presença e respeito. Quando praticado com consciência, ele nos ensina a habitar nosso corpo com gentileza, a respirar com intenção e a viver com mais verdade. Que possamos sempre lembrar: o Yoga começa no tapetinho, mas se revela de fato na forma como nos observamos, nos cuidamos e nos colocamos no mundo.

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